No Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo (20/02), convidamos a terapeuta ocupacional, Dra. Luciana Alvarenga Alves, que trabalha há 13 anos no Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (CAPsAd) de Vitória, para falar um pouco sobre a importância, as preocupações e o trabalho da Terapia Ocupacional junto aos pacientes. Confira a entrevista completa:
Qual o papel do terapeuta ocupacional nos Centros de Atenção Psicossocial, Álcool e Drogas (CAPsAd)?
Acredito que o terapeuta ocupacional que trabalha nesta área deverá, primeiramente, trazer um ressignificado para o uso de substâncias psicoativas através de atividades que são do cotidiano do indivíduo e que proporcionem uma nova forma deste mesmo indivíduo se reinserir socialmente.
Qual a importância do profissional no processo de reabilitação e quais são os principais desafios?
Como o terapeuta ocupacional trabalha com atividades, penso que a importância da terapia com esses usuários é proporcionar descobertas para os mesmos, transformando atividades antigas em novas (com nova roupagem) – e assim apresentar novos e diferentes prazeres. Nem sempre o paciente se mantém muito tempo em tratamento, então você, como terapeuta ocupacional, precisa desenvolver atividades que cativem esse paciente do início ao fim. Caso contrário, ele se afastará delas antes mesmo que você consiga passar a mensagem fundamental que gostaria de transmitir.
O que você falaria para o profissional que pensa em trabalhar com esse tipo de atendimento?
Se eu pudesse dizer algo para um terapeuta ocupacional que deseja trabalhar nessa área, eu diria que, acima de tudo e de qualquer coisa, tenha bastante paciência, pois trabalhar com redução de danos é muito diferente de trabalhar com abstinência total – e o processo é completamente distinto. Os valores são outros e o conceito de liberdade também, por isso devemos pensar em atividades que são desafiadoras e trazem mudanças de vida, mesmo que elas sejam simples.
Vale ressaltar que o uso de drogas, lícitas ou ilícitas, é um problema de saúde pública de ordem internacional e que afeta valores culturais, sociais, econômicos e políticos. E a Terapia Ocupacional, em um ambiente de apoio multidisciplinar, tem um papel fundamental, tanto na orientação de familiares que precisam lidar com a problemática do dependente químico, quanto no incentivo para que pacientes busquem o seu reencontro com a cidadania.