A Fisioterapia no tratamento da Incontinência Urinária

A perda involuntária de urina é um problema comum e, por muitas vezes constrangedor, que afeta homens, mulheres e até crianças. As causas são inúmeras e o tratamento é necessário para que a pessoa possa ter qualidade de vida. Nessas horas, a Fisioterapia é uma grande aliada de quem sofre dessa disfunção. É o que conta as fisioterapeutas e sócias-proprietárias da Fisiopelv, Dra. Priscila Alves Gomes, Dra. Ana Carolina Amorim e Dra. Lais Freitas.

Nessa entrevista para o CREFITO 15 – em comemoração ao Dia Mundial da Incontinência Urinária, celebrado em 14 de março –  as profissionais esclarecem as principais dúvidas sobre o tratamento da Incontinência Urinária, formas de prevenção e como a Fisioterapia pode ajudar.

1 – Como podemos definir a incontinência urinária?

É definida pela Sociedade Internacional de Continência (SIC) como qualquer perda involuntária de urina, sendo uma queixa muito comum, com prevalência maior entre as mulheres.

2 – Quais são as principais causas?

Multiparidade, menopausa (devido à  queda do estrogênio), idade, cirurgias pélvicas (histerectomia, prostatectomia), obesidade, constipação crônica, exercício físico de alto impacto, entre outros.

3 – Quais são os principais tipos?

Existem três tipos de Incontinência Urinária. São elas:

Incontinência Urinaria de Esforço (IUE): perda involuntária de urina durante os esforços (tossir, espirrar, rir, correr, pular).

Incontinência Urinária de Urgência (IUU): desejo súbito de urinar, com perda involuntária de urina antes de chegar ao banheiro.

Incontinência Urinária Mista (IUM): junção da incontinência urinária de esforço e de urgência.

4 –  Como a Fisioterapia pode ajudar pessoas que sofrem de incontinência urinária?

A Fisioterapia Pélvica, que é a área que trata disfunções do assoalho pélvico, auxilia atuando na reabilitação dessa musculatura por meio de exercícios específicos para fortalecer a musculatura pélvica, para a mesma retornar sua funcionalidade.

Porém é necessária uma avaliação física detalhada com um profissional especialista na área, para que a melhor conduta seja adotada.

5- Quais são os exercícios fisioterapêuticos indicados?

A Fisioterapia consiste em dar funcionalidade aos músculos do assoalho pélvico. Após uma avaliação física minuciosa, são determinados quais os tipos de exercícios e quais técnicas poderão ser utilizadas nos pacientes. Os exercícios podem ser realizados com o auxilio de equipamentos computadorizados, como é o caso do biofeedback eletromiográfico, onde o paciente realiza a contração e o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico,visualizando em forma de videogame e em tempo real seus movimentos. Outro recurso muito utilizado é a eletroestimulação, que ajuda no fortalecimento perineal aprimorando a coordenação e força desses músculos. Em algumas situações podemos utilizar a técnica para normalização das contrações da musculatura detrusora (bexiga).

6 – Como funciona o tratamento em crianças?

A incontinência urinária infantil é determinada quando a criança não consegue segurar o xixi durante o dia ou à noite, depois dos 5 anos de idade. Existem várias causas para que isso aconteça, dentre elas, a Disfunção do Trato Urinário Inferior, que pode levar à infecções urinárias recorrentes e a bexiga hiperativa. Na criança, essa patologia leva a uma contração excessiva  do assoalho pélvico, sendo primordial realizar o tratamento focando no relaxamento dessa musculatura. Para isso, fazemos o uso do biofeedback eletromiográfico e a neuromodulação para normalizar o funcionamento dessa bexiga.

7 – Quanto tempo de tratamento é indicado para acabar com a incontinência?

Para qualquer tipo de intervenção terapêutica sabemos que o prognóstico do tempo de tratamento é relativo, dependendo da reposta muscular de cada indivíduo mediante os estímulos. Por isso, essa resposta pode levar até alguns meses para que a musculatura do assoalho pélvico fique forte o suficiente e responda positivamente com melhora da incontinência urinária.

8 – Existe alguma dica para ajudar as pessoas a controlar a urina?

O controle da urina normalmente é involuntário e fisiológico. No dia a dia não pensamos em ter incontinência, a menos que exista alguma disfunção miccional já instalada. Aqueles que não conseguem esse controle precisam ter um diagnóstico clínico desse problema, que pode ser por inúmeros motivos, fato este que limita orientações e dicas para os pacientes sobre controle miccional, por ser específico para cada caso.

9 – Existe uma forma de prevenir?

Sim. Sabemos que as principais funções do assoalho pélvico é dar sustentação e manter as continências fecal e urinária. Baseado neste fato, o treinamento dos músculos do pavimento pélvico, melhorando seu desempenho, podem sim prevenir a Incontinência Urinária e também muitas outras disfunções pélvicas.

10 – O que um Fisioterapeuta que deseja atuar nessa área precisa fazer?

Independente da área, ser dedicado aos estudos e ter afinidade pela especialidade é o segredo do sucesso. Começar com cursos básicos e sempre almejar mais, como uma pós-graduação, é essencial. Também é importante ter a consciência de que o crescimento em conhecimento teórico deve estar sempre associado à prática clínica.

 

MINICURRÍCULO

Dra. Priscila Alves Gomes

Dra. Priscila Alves Gomes é pós-graduada em Fisioterapia Pélvica – Uroginecologia pela Universidade Castelo Branco (UCB) e graduada em Fisioterapia pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP). É responsável pelo setor de Fisioterapia Pélvica no Instituto do Aparelho Digestivo (IAD) e sócia-proprietária da clínica Fisiopelv. Possui curso de Fisioterapia Aplicada à Proctologia, de URO Fisioterapia Masculina e Feminina e de Fisioterapia Aplicada às Disfunções do Assoalho Pélvico com Biofeedback Eletromiográfico.

Dra. Ana Carolina Amorim

Dra. Ana Carolina Amorim é pós-graduada em Uroginecologia e Obstetrícia pela Universidade Gama Filho (UGF) e graduada em Fisioterapia pela Universidade de Vila Velha (UVV). É professora de pós-graduação pela Universidade Castelo Branco (UCB), professora do curso de Uroginecologia Feminina e Masculina pela Escola Brasileira de Saúde e sócia-proprietária da clínica Fisiopelv. Possui especialização nas Disfunções do Trato Urinário e Coloproctológicas na Infância, curso de Exame Urodinâmico para Disfunções Uroginecológicas e Treinamento Profissional em Uroginecologia no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro.

Dra. Lais Freitas

Dra. Lais Freitas é pós-graduada em Fisioterapia Aplicada na Saúde da Mulher pelo Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (CAISM/UNICAMP) e graduada em Fisioterapua pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É sócia-proprietária da clínica Fisiopelv. Possui cursos de Fisioterapia em Proctologia, de Fisioterapia nas Disfunções Sexuais Femininas e de Fisioterapia em Uroginecologia Feminina e Masculina

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